quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Retirada dos EUA é vista com apreensão e alívio por iraquianos

O anúncio oficial do fim da Guerra do Iraque, feito nesta quarta-feira pelo presidente Barack Obama em uma base militar na Carolina do Norte, foi recebido com um misto de apreensão e alívio entre os iraquianos. Na cidade de Falluja, palco de uma das batalhas mais sangrentas do conflito, moradores queimaram bandeiras e comemoraram nas ruas. Mas entre as minorias curda e cristã o clima é de medo: eles temem se tornar mais vulneráveis a ataques de insurgentes sem a proteção americana. A receptividade em relação à retirada americana após quase nove anos de guerra varia de acordo com a região do país. Segundo pesquisa do jornal "New York Times", sunitas temeriam mais o fortalecimento do Irã na política iraquiana, já os xiitas insistem que o país está pronto para assumir a liderança do país sozinhos. Entre os curdos e cristãos, o pessimismo impera. As minorias são consideradas os grupos mais vulneráveis do país e foram alvos de ataques durante o regime do ditador Saddam Hussein. Por outro lado, ainda é significativo o número de iraquianos, xiitas e sunitas, que acreditam que a vida era melhor durante o governo de Saddam. Os defensores do ditador deposto dizem que naquela época havia mais segurança no país. Durante discurso, Obama evita falar em vitória O encontro desta terça-feira entre Obama e tropas americanas na Carolina do Norte foi marcado de elogios à coragem dos soldados, mas o presidente evitou falar em vitória de Washington. Em seu discurso, se limitou apenas a dizer que o conflito termina “não com uma batalha final, mas com uma marcha de volta para casa final”. "A guerra no Iraque vai estar na História em breve, e seu serviço pertence à posteridade", disse o presidente. "A vontade de vocês (soldados) se mostrou mais forte que o terror daqueles que tentamos destruir". Recebido por muitos aplausos, o presidente ressaltou o lado humano da guerra, destacando a bravura e os sacrifícios das forças americanas que agora estão voltando para casa. Ele lembrou o início da guerra, quando era apenas um senador e disse que as batalhas tiveram muitas reviravoltas. "Nós sabíamos que esse dia chegaria. Já sabíamos disso há algum tempo. Mas, ainda assim, há algo de profundo no fim de uma guerra que durou tanto tempo", afirmou o presidente. a milhares de soldados reunidos num hangar em Fort Bragg. "Como seu comandante e em nome de uma nação agradecida, estou orgulhoso em finalmente dizer essas duas palavras: sejam bem-vindos, sejam bem-vindos, sejam bem-vindos". Quase nove anos após a invasão que capturou e matou Saddam Hussein, o governo americano vai acabar com sua presença militar no Iraque e retirar os cerca de 5.500 soldados remanescentes antes das festas de final do ano. No início da guerra, em março de 2003, os EUA chegou a deslocar 170 mil homens para o Iraque. Apenas um pequeno contingente de civis e menos de 200 funcionários do Exército americano vão permanecer no país. A guerra matou 4.500 soldados americanos e 60 mil iraquianos e custou mais de US$ 750 bilhões aos cofres americanos, disse Obama. Em Falluja, iraquianos queimam bandeira americana Cerca de 3 mil iraquianos foram às ruas de Falluja, no oeste do Iraque nesta quarta-feira para comemorar a saída das tropas americanas do país. A cidade já foi um reduto da al Qaeda e foi cenário de uma das mais duras batalhas da guerra. Agitando bandeiras iraquianas e carregando cartazes com os dizeres “Falluja, a cidade da resistência”, moradores exaltaram os conterrâneos mortos durante a ocupação. Alguns chegaram até a queimar bandeiras americanas. A cidade testemunhou dois grandes conflitos com a tropa americana em 2004, com o uso de tanques, caças e helicópteros estrangeiros contra os iraquianos. Centenas de moradores morreram outros milhares foram obrigados a deixar suas casas. "As comemorações marcam um dia histórico para a cidade de Falluja e nós devemos lembrar co orgulho dos mártires que sacrificaram seu sangue pelo bem dessa cidade", disse Dhabi al-Arsan, vice-governador da província de Anbar, onde fica Falluja, à multidão. Para os cidadãos, a saída estrangeira finalmente dará a oportunidade de o país caminhar com as suas próprias pernas. "Estou orgulhoso de ver os americanos deixando o Iraque. Somente agora nós vamos realmente sentir o gosto da liberdade e da independência. Nós não vamos mais ver forças americanas. Elas nos lembram luta e destruição", disse Ahmed Jassim, um motorista de táxi que participou da celebração. Agência O Globo - 14/12/2011

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